sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

VIAGEM


Avisa aos mares que a viagem é de começo,
não recordes endereços,
pelo anseio de voltar.

Abriga o campo mil miragens sem espelho,
não rejeites o apelo
da tua morte, ao embarcar.

Amarra ao barco tua imagem sem sossego,
não esqueças o segredo
que todo deus entrega ao mar.

Agrada ao vento como quem tem um brinquedo,
não compares fé e medo,
pela certeza de chegar.

ESFINGE


Chega-te a mim primeiro.
Aproxima o teu olhar.
E num segundo,
virás a ser terceiro,
e o monstro imenso
surgirá de outro lugar
que não o teu,
senão o derradeiro
em que encontras
o limite, o espanto
de olhar.

Caminhos acordados...
Se vens, por caminhar,
caminha, filho amigo,
eu sou, ao despertar,
o sonho, o pesadelo
que persiste, o bojo
triste: o útero
sem palpite
que gerou teu pai,
teu lar.

Eu sou o monstro, insisto:
viaja, vem passar,
chega-te ao meu lado,
espero teu cuidado
de dizer pergunta
sem resposta...

E embora seja o 
homem que responda
o que respondo,
pergunta-te a ti mesmo
quem é, no teu lugar,
o sonho que carrega
a certeza que te leva
tão rápido ao
regresso.

Tão rápido - disperso.

Quem sabe
que voltar se faz 
com volta:
não volta.
Não morre
sem lar!

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